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Após duas semanas de aulas, problemas persistem no Paraná

25/03/2015

Governador Beto Richa afirmava que escolas estavam prontas; realidade é bem diferente

Escrito por: APP-Sindicato

Não é de hoje que a escola está em situação difícil. O sucateamento das instituições é alvo de constantes reclamações dos(as) diretores(as), professores(as), funcionários(as), alunos (as) e de toda a comunidade. A cada eleição, o governo estadual anuncia que está investindo na educação e que deve investir ainda mais. Apesar disso, o que se vê são escolas que precisam de reformas urgentes e que pioram todos os anos.

Apesar da greve geral da educação ter tido o objetivo de resistir e garantir direitos já conquistados, a APP-Sindicato luta sempre para que a qualidade da estrutura das escolas melhore. É mais do que necessário ter uma estrutura decente para que a educação evolua no Paraná.

As escolas de todo o Estado já iniciaram as aulas há duas semanas, mas as instituições continuam sem reformas, com estruturas precárias, com turmas superlotadas e falta de professores(as) e funcionários(as). Um exemplo disso é o Colégio Estadual Prietro Martinez, no bairro Bom Retiro, em Curitiba. O colégio foi construído há 60 anos e enfrenta sérios problemas estruturais. Logo no início da conversa com a diretora da instituição, Alzimeire Maria Bonatto, ela deixou claro que a escola está com problemas graves. 

De acordo com a diretora, a escola nunca recebeu uma reforma na parte elétrica. As instalações são as mesmas de 60 anos atrás e pode-se imaginar como estão. No entanto, a diretora conta que o próprio Corpo de Bombeiros se recusa a assinar o alvará que comprova a segurança do prédio, mesmo assim, a Secretaria de Educação (Seed) aceita o funcionamento da estrutura. "Os fios do colégio Prietro Martinez estão grudando dentro de  canos de ferro. A elétrica aqui é caso de polícia. Quando tem simulação de  incendio aqui na escola, com os bombeiros que ensinam os alunos a fazerem  a fuga correta em caso de incêndio, a gente faz mais do que pedem, pois o  nosso problema aqui é sério. A situação dessa escola faz com que o bombeiro  nunca assine o alvará de segurança aqui da escola, pois isso é caso de  polícia e eles não podem assinar", explica. 

A diretora já enviou pedidos de revisão na elétrica da escola, mas não teve retorno. "Eu já mandei processos protocolados pedindo a reforma elétrica dessa  escola. Toda vez que tem eleição, o pessoal do Tribunal Regional Eleitoral que chega aqui para instalar  as urnas, diz que não sabem como estamos vivos nessa escola. Faz 60 anos  que foi construída essa escola. faz 60 anos que não é feita uma reforma  nessa escola", desabafa.

Toda vez que há simulação de incêndio com o Corpo de Bombeiros na escola, a diretora Alzimeire diz aproveitar a oportunidade e fazer até mais simulações do que o usual. "O que acontece? Eu levo o laudo dos  bombeiros sem assinar e a Secretaria de Educação aceita. Mas nós ja sabemos  que em toda escola acontece isso. E é uma coisa muito grave: o sucateamento  das escolas do Paraná é uma coisa gravíssima", esclarece Alzimeire.

Além dos problemas com a rede elétrica do prédio, a diretora também expôs a falta de professores(as) de português na instituição. Segundo ela, várias turmas estão sem aulas desde o retorno da greve. "A justificativa da  Seed é que estão chamando professores, que estão com a lista dos que virão, mas até agora  não vieram. Só que nós já estamos dispensando aluno, pois não tem professor", conta. No próximo dia 26 de março será divulgado o novo porte de escola pela Seed e isso já está gerando insegurança nas escolas. "Nós estamos com medo. Vai rodar o novo porte de escola e nós precisamos que, ao menos, mantenha o porte do ano passado. Não tem  condições de diminuir o número de professores e funcionários", esclarece Alzimeire.

Ela também explicou que a turma de primeiro ano do período da tarde foi fechada. Com isso, as turmas da manhã ficaram superlotadas. Mesmo com os 25 alunos(as) que já haviam sido matriculados, a ordem foi fechar a turma, sem debate ou análise da necessidade da comunidade. "É um absurdo, pois praticamente foi fechado o ensino médio a tarde. É algo de  cima para baixo, não tem discussão com os pais. É indecente", se indigna.

E, como se não bastassem todas essas dificuldades, a merenda do colégio Prietro Martinez também está comprometida. Desde a volta às aulas, a escola não recebe os alimentos que deveriam vir da Agricultura Familiar. Por isso, o colégio está sem condimentos como alho e cebola, além de faltar tomates e batatas. "O arroz e o feijão tem, além do macarrão também, mas não tem como servir só  arroz, feijão ou macarrão puro, sem um molho ou uma carne" explica a funcionária de escola que cuida da merenda, Márcia Racoski.

De acordo com Márcia, a comunidade escolar é quem está contribuindo para uma merenda um pouco melhor para os(as) alunos(as). " Na primeira semana de aula vieram seis pacotes de frango. E também chegou carne moída, mas isso dá  para uma semana. A gente está complementando com o que a Associação de Pais, Mestres e Funcionários e o grêmio dos alunos estão contribuindo e trazendo alimentos.  Ou seja, a própria comunidade trazendo cebola e alho,  pra fazer o lanche", explica.

A diretora reforça que não está recebendo alimentos da Agricultura Familiar. "Existe a  Agricultura Familiar, mas como governo do Estado não pagou os  fornecedores, muitos produtores estão devendo. Por exemplo: teve mãe que  comprou farinha para fazer pão. No entanto, o governo não pagou por esse pão,  então a agricultora está devendo para o seu fornecedor de farinha". Alzimeire ressalta que está deixando claro para seus(as) alunos(as) que a merenda é obrigação do Estado, mas que está pedindo ajuda para não oferecer uma merenda de má qualidade. "Como é que você vai  cozinhar uma merenda de qualidade sem sal, sem alho, sem cebola? Então a  gente vai e compra um pouquinho, mas tudo isso é dinheiro de cantina e da APMF, pois são os pais que estão ajudando, não é o governo do Estado. A comunidade é muito querida, ajuda e colabora com o que pode".

 Governo distribui publicidade - Enquanto as escolas passam por dificuldades, a Polícia Militar distribui, no portão de algumas escolas, um jornal com propaganda do governo do Paraná. De acordo com o professor Renato Marin, que tem um padrão no CE Prietro Martinez e uma ordem de serviço no CE Conselheiro Zacarias, ao sair da escola, no término do turno da manhã, ele recebeu um jornal de um policial militar, fardado, e que esse material continha propaganda do governo, a mesma veiculada amplamente na mídia paranaense durante a greve. 

"Eu recebi esse jornal no portão de saída da escola, junto com os demais  alunos na segunda-feira (16). Os jornais estavam sendo distribuídos por  policiais militares fardados, com viatura da polícia em cima da calçada.  Dois policiais em um portão, dois em outro e mais uma pessoa acompanhando". Segundo ele, o material estava sendo distribuído entre às 11:30 e 12h. "Dentro do material voltado para juventude, para a minha surpresa, vi um  folheto falando sobre a educação. Ele mostrava algumas questões, como o que estamos  questionando, por exemplo, de 60% de aumento de salário para os  educadores. Nós não tivemos esse aumento, o que tivemos foram as correções  garantidas por lei que não significa aumento de salário", esclarece o educador.

 O que chamou a atenção do professor Renato é que os policiais militares estavam no horário de serviço entregando um material publicitário do governo. "Se estão fardados e com veículo oficial é porque  estão trabalhando".

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