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Encontro Estadual da CUT-MG debate democratização da comunicação e disputa de mídia

20/08/2014

Atividade que segue nesta quarta (20) conta com a participação de assessores e dirigentes de sindicatos, federações e confederações, que vão ajudar a construir o Coletivo Estadual

Escrito por: Rogério Hilário/CUT-MG

O marco regulatório e a democratização da comunicação no Brasil, o plebiscito da constituinte exclusiva sobre a reforma do sistema político, a disputa de mídia e o diálogo com as bases, a sociedade e, principalmente, com a juventude, foram os temas debatidos na manhã desta terça-feira (19), primeiro dia do Encontro Estadual de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), no auditório da sede da Central, na Região Central de Belo Horizonte. A atividade, organizada e coordenada por Neemias Rodrigues, secretário de Comunicação da CUT-MG, se encerra nesta quarta-feira (20). O Encontro conta com a participação de assessores e dirigentes de sindicatos, federações e confederações, que vão ajudar a construir o Coletivo Estadual.

Para a presidenta da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, que participou da mesa de abertura na manhã desta terça-feira, o movimento sindical foi vitorioso quando utilizou ferramentas de comunicação para dialogar com a população. “Com a mobilização, construímos o plebiscito sobre a redução da tarifa de energia e lutamos contra a privatização da Gasmig e da Cemig, uma proposta absurda do governo do Estado. A comunicação é fundamental, diante da conjuntura mineira. Precisamos fazer uma disputa de mídia, pois a imprensa está a serviço do governo do Estado. Parabenizo ao Neemias por organizar este Encontro e, desde já, convido a todos para o debate sobre assédio moral, que será realizado no dia 13 de setembro. E promoveremos outro debate sobre terceirização, agenda que continua importante diante da possibilidade de julgamento no Supremo Tribunal Federal, um projeto maior do que a proposta da Câmara dos Deputados”, disse Beatriz Cerqueira.

Segundo Shakespeare Martins de Jesus, da Direção Executiva da CUT Nacional, que também participou da mesa de abertura, que foi secretário de Comunicação da CUT-MG, o mais importante é que o Encontro Estadual servirá para organizar e preparar as estratégias para contrapor e superar o bloqueio que a mídia faz aos movimentos sindical e sociais em Minas Gerais.

Alex Capuano, assessor da Secretaria de Comunicação da CUT Nacional, que vai falar sobre a importância das novas ferramentas, mídias e tecnologias, acredita que o Encontro deve ser o primeiro de muitos outros para que a comunicação seja mais valorizada no meio sindical. “Independentemente de o movimento sindical precisar estar nas ruas e utilizar instrumentos como os boletins e jornais,  o uso de meios modernos de informação é capaz mobilizar mais pessoas, como ficou comprovado nas manifestações de junho de 2013 e outras que se sucederam em todo o país”, analisou Alex Capuano.

“Democratização da Comunicação e Liberdade de Expressão” foi o tema da primeira mesa do dia, composta por Lidyane Ponciano, coordenadora regional do Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações (FNDC); Maria Frô, historiadora, educadora, autora de coleções didáticas e ativista da educação para igualdade étnico-racial; e coordenada por Shakespeare Martins de Jesus.

Maria Frô considerou uma barbárie o bombardeio que a mídia vem fazendo ao governo da presidenta Dilma Rousseff, que tem sido parcial na cobertura das eleições deste ano e que ignora as pautas da classe trabalhadora. “Não fazem qualquer menção ao plebiscito popular sobre a constituinte exclusiva para a reforma do sistema político. Nossa campanha não existe nos jornais. Da forma como a mídia se comporta, nossa democracia corre sérios riscos. Apesar dos avanços, projetos políticos que trouxeram melhorias não se tornaram políticas de estado, avanços estruturais,  ainda são programas de governo. E por isso, podem ser alterados. A Copa em termos de organização foi um sucesso, quando toda a mídia previa o caos. Tentaram jogar o fracasso do Felipão na seleção brasileira sobre o governo. A refinaria de Pasadena dá lucro, mas ninguém divulga isto. O pré-sal bate recordes de barris, a inflação chegou a zero em julho, e a mídia não se preocupa com dados da realidade. Enfrentamos a barbárie, não o jornalismo. Temos que fortalecer as nossas redes”, afirmou Maria Frô.

De acordo com a historiadora e blogueira, a solução para tanto disparate seria a democratização da comunicação, que não avançou neste governo. “A Argentina fez o marco regulatório. Nos Estados Unidos não tem rede nacional. A comunicação no Brasil é o único monopólio que não tem regulamentação. A mídia é ideológica. Não adianta leis para os trabalhadores, trazer médicos, se não se fizer a disputa de comunicação. Enfrentamos uma crise de legitimidade, que afasta os mais jovens, porque a direita tenta desorganizar a política. Isto provoca o desencantamento, a criminalização da política feita pela mídia e a burocratização dos partidos. Negar a política serve à direita. Precisamos mostrar aos mais jovens que a política faz parte da vida dele. Não se pode criminalizar as lutas dos jovens, como a mídia tem feito.  Mas temos que aprender a ouvir os jovens, aprender a ouvir mais”, acrescentou Maria Frô.

Com relação ao marco regulatório e à democratização da comunicação, Lidyane Ponciano lembrou que, apesar de mais de 700 propostas terem sido aprovadas na Conferência Nacional de 2009, poucos avanços ocorreram desde então. “Várias comissões foram criadas, inclusive aqui em Minas Gerais, mas tudo continua como antes. A mídia é financiada pela direita, porque é parceira dela, e também recebe recursos da esquerda que tem medo dela. Não houve consulta pública e muito menos votação. Houve enrolação. Agora temos um plebiscito e queremos colher 1,3 milhão de assinaturas para o projeto pela democratização da comunicação”, disse.

A coordenadora do FNDC no Estado enfatizou que, em Minas Gerais, o controle do governo sobre o que a imprensa publica ou veicula torna ainda mais importante a democratização da comunicação e o marco regulatório. “O nível de cerceamento às informações continuou o mesmo da dinastia Aécio Neves nos governos Anastasia e Alberto Pinto Coelho. O projeto que defendemos prevê pluralidade, diversidade étcnico, racial, de gênero, orientação sexual, combate aos monopólios, propriedades cruzadas, impede que políticos sejam proprietários de rádios, jornais e emissoras de televisão, entre outros itens. A CUT é um ponto de coleta de assinaturas e vocês podem ler o projeto no site paraexpressaraliberdade.org.br.”

Na tarde desta terça-feira, o debate foi sobre “A Comunicação em MG”. Compuseram a mesa Frederico Santana, do jornal “Brasil de Fato”; Raissa Galvão, do Fora do Eixo e da Mídia Ninja; e Arcângelo Queiroz, do portal Minas Livre. A programação do primeiro dia foi encerrada com apresentação do Teatro do Oprimido, com o tema “Comunicação e Expressão Corporal”.

Programação

Dia 20/08 (quarta-feira)

9 horas – Mesa 4: Canal Cidadania e Lei de Acesso à Informação

Convidado: Aloísio Lopes (jornalista, editor do portal Minas Livre, membro do Fórum nacional pela Democratização da Comunicação)

10h30 – Mesa 5: A classe trabalhadora e os movimentos sociais na grande mídia

Convidado: Luiz Egypto (jornalista, mestre em História, editor-chefe do Observatório da Imprensa e coordenador de projetos do Museu da Pessoa)

12h30 - Almoço

13h30 – Mesa 6: Construindo a Comunicação da CUT/MG  e formação do Coletivo Estadual de Comunicação

Convidado: Alex Capuano (CUT Nacional)

17 horas – Encerramento

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