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FUP: 'devolução' de R$ 654 milhões à Petrobras significa 'basicamente nada'

11/12/2017

Para José Maria Rangel, valor é irrisório, comparado à destruição da Petrobrás

Escrito por: Eduardo Maretti/RBA

Em evento realizado nesta quinta-feira (7) em Curitiba, centro da Operação Lava Jato, membros do Ministério Público Federal e a Petrobras anunciaram a devolução de R$ 653,9 milhões à estatal, relativos a desvios decorrentes de corrupção. O presidente da companhia, Pedro Parente, e o  procurador Deltan Dallagnol participaram da cerimônia.

De acordo com o coordenador da  Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, o evento faz parte de uma estratégia de “marketing” e seu significado para a economia do país e da própria Petrobras é nulo.

“Sempre defendemos o combate rigoroso à corrupção e não é de agora. Mas eles deveriam falar por que a Petrobras está sendo desmantelada e vendendo tudo. Em relação aos 654 milhões que a companhia está reavendo, cabe dizer que, perto do rastro de destruição da indústria brasileira, do emprego e da nossa soberania, esse valor que a Lava Jato está devolvendo é basicamente nada”, afirma Rangel. Segundo a força-tarefa da Lava Jato, a Petrobras já recebeu R$ 1,476 bilhão desde o início da operação.

“Se os golpistas quisessem, podiam combater a corrupção, mas preservando as empresas (Petrobras e empreiteiras)”, acrescenta. O dirigente cita, como exemplo, o vice-presidente da Samsung, Lee Jae-yong, condenado e preso por corrupção pela Justiça da Coreia do Sul. Ele é filho do presidente da poderosa corporação da indústria eletrônica, Lee Kun-hee. “Ele está preso, mas você não ouve dizer que a Samsung é alvo de desmantelamento”, diz Rangel. 

Na avaliação do coordenador da FUP, “não existe mérito na cerimônia" em que o Ministério Público “devolveu” os R$ 654 milhões à Petrobras. "Eles e Pedro Parente tinham que dar outras explicações. Por exemplo, comentar sobre a MP 795, que dá isenção fiscal de 40 bilhões de reais por ano às empresas de petróleo. Quanto significa 654 milhões perto de 40 bilhões?", questiona. Percentualmente, representa apenas 1,635%.

Segundo cálculos de técnicos da oposição ao governo Michel Temer, a isenção de impostos prevista na MP 795/2017 para as petroleiras, na maioria multinacionais, até 2040, chegará a um valor entre R$ 800 bilhões e R$ 1 trilhão. A Câmara aprovou a MP 795 no dia 29 de novembro.

"Isso eles não dizem. O que fazem é essa propaganda enganosa. A grande imprensa não fala nem que a Câmara aprovou a MP 795, que de fato desmonta a política de conteúdo local e dá isenção fiscal para as multinacionais na ordem de 1 trilhão de reais", diz Rangel. Na opinião do dirigente, a cerimônia realizada em Curitiba "é para fazer marketing”, porque dia 9 é o Dia Internacional de Combate à Corrupção.

“Mas a esse tipo de combate não somos desfavoráveis. As ações que os governos do PT tomaram possibilitaram, por exemplo, ao MP ter a autonomia que tem, à Polícia Federal ser bem equipada. Nos governos que o Parente serviu isso não existia", destaca Rangel. Parente foi ministro da Casa Civil e do Planejamento de Fernando Henrique Cardoso.

A avaliação da FUP e de fontes industriais ligadas à cadeia de óleo e gás do país é de que a Lava Jato provocou 1,5 milhão de desempregados. "Porque essa cadeia não é só atividade-fim, há atividade terceirizada e prestação de serviços diretamente vinculados a ela. Existe o comércio, por exemplo, que depende do setor de petróleo. Tem a hotelaria. Hoje, você vai a Macaé e vê que é praticamente uma cidade fantasma”, afirma o coordenador dos petroleiros. O município de Macaé, na Bacia de Campos, símbolo do avanço do setor petrolífero nos governos anteriores de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, é atualmente o retrato dos efeitos da Lava Jato, deflagrada em março de 2014.

“Hoje estivemos em Itaboraí, num ato no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). É outra cidade fantasma. Todo o investimento feito na hotelaria e no comércio, tudo aquilo acabou", diz Rangel. 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na manhã desta quinta-feira em ato pela defesa dos empregos no Comperj, em Itaboraí, como parte da caravana nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. No ato, Lula mencionou a degradação econômica do país, associada à crise do setor. "A Comperj parada só dá prejuízo. Este país não fala mais em desenvolvimento industrial, geração de empregos. Só fala em corte, corte, corte e corrupção", disse.

 

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