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Para analista, pesquisa Vox Populi com Lula na frente pressiona elites e governo Temer

21/10/2016

Para especialista, não há, no cenário atual, candidato capaz de desbancá-lo em 2018

Escrito por: Eduardo Maretti, na RBA

A pesquisa Vox Populi divulgada ontem (18), mostrando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeiro lugar nas intenções de voto para a Presidência da República em 2018, “tem a ver com o fato de Lula ser um dos maiores fenômenos políticos dessa quadra democrática do país”, diz Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). “Depois de todo bombardeio da grande imprensa e órgãos de controle sobre ele e o PT, a pesquisa mostra que Lula tem força para disputar 2018 e vencer qualquer candidato, entre esses que estão no cenário. Um candidato novo poderia até desbancá-lo, mas por enquanto esse candidato não surgiu.”

Mas o caminho não será fácil. Na opinião da cientista política, não é possível prever se Lula vai querer ser candidato ou conseguir atravessar o cenário sombrio de um momento em que, segundo o jurista Pedro Serrano, por exemplo, o Estado de exceção já está instalado e visa principalmente ao próprio Lula. “Daqui até lá, em termos jurídicos, muito coisa deve acontecer”, diz a professora. Ela lembra que, ainda esta semana, boatos davam conta de que o petista seria preso.

“Ele não pode se transformar em ‘ficha suja’. O resultado da pesquisa leva as elites a uma pressão ainda maior para esse desfecho (da prisão), porque parte delas não quer de novo correr o risco. Vão tentar de qualquer modo ter provas e tirá-lo do cenário em 2018”, avalia.

Em seu blog, o presidente da CUT, Vagner Freitas, escreveu que a pesquisa Vox Populi “expõe a incompetência da grande mídia brasileira que, mesmo perseguindo ferozmente, não conseguiu acabar com o ex-presidente”.

Na opinião de Maria do Socorro, o desempenho de Lula na pesquisa leva o governo Michel Temer, por sua vez, a também ser pressionado, já que, se o petista se mantém com essa avaliação e com tendência ascendente, os governistas terão de ter mais cautela nas políticas restritivas de direitos e conquistas. “Por outro lado, o perigo é que Lula seja ainda mais atingido pelas agências de controle que querem prendê-lo.”

A pesquisa mostra um dado aparentemente paradoxal. São 56% os entrevistados segundo os quais sua vida melhorou nos últimos 12 anos, mesmo num contexto em que o PT teve desempenho muito ruim nas eleições municipais de 2016.

“Não é paradoxal”, diz a professora. “Não se pode esquecer a avaliação sobre corrupção. A população está muito desacreditada dos políticos. O PT vem num crescente de episódios em que se envolveu ou foi denunciado desde 2005. Mas há uma crítica muito grande da população à classe política como um todo, não só ao PT”, diz. Tanto que o número de votos brancos e nulos foi significativo em 2016. No primeiro turno, da eleição municipal em São Paulo, a maior cidade do país, por exemplo, 1.155.850 eleitores, ou 16,6% dos que votaram, optaram por brancos e nulos, mais do que a votação recebida pelo prefeito Fernando Haddad (967.160 votos).

Para Maria do Socorro, o eleitorado de certa maneira dissocia Lula, com o qual ascendeu socialmente, do último período petista, com Dilma Rousseff. “As pessoas não esquecem, principalmente as dos setores que tiveram a qualidade de vida melhorada. Quando comparam os dois primeiros mandatos de Lula com a Dilma, com crise econômica e política, é mais um elemento para dissociar o PT do Lula.”

Eduardo Cunha

O fato de o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ter aparecido como o mais detestado entre os políticos brasileiros (76% dizem não gostar dele, segundo o Vox Populi) coincidiu com a prisão do peemedebista, hoje, pela Polícia Federal. “Parece existir uma estratégia de prender o Cunha, como se fosse um acordo de algum tipo. Vamos ver como vai ser essa prisão, se vai levar à devolução de verbas desviadas ao erário, se vai ficar preso, ou se é só um paliativo para parte da população se contentar”, pondera a professora da Ufscar.

Quanto à “teoria da conspiração” que vê, na prisão de Cunha, uma jogada para legitimar uma eventual prisão de Lula, a analista não descarta a possibilidade, mas não acredita que não dá para cravar. “Se for essa hipótese, isso deve acontecer em breve, até para esfriar parte da população que não vai aceitar a prisão do Lula facilmente. Se não, vai ficar para o ano que vem.”

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